Museu da Maré
Esta página é uma cópia da página do projeto Arquivos do Presente, acesse o [link] para mais informações.
A exposição Arquivos do Presente + Arquivo de emergência aconteceu entre Julho e Agosto de 2009. Apresentou resultados das pesquisas e de alguns trabalhos de arte desenvolvidos ao longo de seis meses do projeto.
A mostra foi realizada nas salas de exposição temporária do Museu da Maré localizado na Favela da Maré, Morro do Timbau, Rio de Janeiro. A exposição final inaugurou o formato “amplo” do Arquivo de emergência e dos novos documentos que foram produzidos pelo Grupo de pesquisa do Arquivos do Presente.
Exposição Arquivos do Presente + Arquivo de emergência
A exposição “Arquivos do Presente + Arquivo de emergência” integra uma das quatro ações do projeto. A exposição apresenta materiais documentais e críticos deste projeto: registros de intervenções e da participação dos três artistas visuais convidados (Elisa Castro, Guga Ferraz e Tiago Rivaldo); registros das Conversas com Arquivos em áudio e/ou vídeo; materiais elaborados pelo Grupo de Pesquisa em Artes; e exposição do Arquivo de emergência, uma pesquisa de arte apresentada na forma de arquivo, realizada por A Arquivista e Cristina Ribas desde 2005. Ocorreram durante a exposição três Conversas com Arquivos, dando continuidade às conversas que haviam começado dois meses antes, convidando artistas, pesquisadores em arte e profissionais da comunidade e da ong CEASM, e de outras instituições parceiras com finalidade de elaborar criticamente questões caras a serem debatidas e mobilizadas. Visitas coletivas foram agendadas com objetivo de dialogar sobre a prática artística contemporânea e sobre a produção de memória na Maré, com o objetivo de ativar estes arquivos configurando momentos de troca, aprendizagem e produção crítica sobre as relações entre arte, sociedade, espaço público, memória e história.
Descrição do ambiente
… observando, descrevemos, em busca de pistas para descobrir o que é este ambiente no qual estamos imersos…
Numa sala pequena de paredes brancas vê-se uma mesa posta na diagonal. Sobre esta mesa estão dispostos uma série de materiais impressos: são livros pequenos e grandes, alguns muito coloridos, também fotografias com legendas, pastas com textos diversos. Alguns materiais são etiquetados e, observando atentamente vê-se que são organizados por algum sistema, por que há cerca de 4 ou 5 siglas que precedem os nomes nas etiquetas que cada material tem colado. Há muitos outros impressos, alguns colocados em caixas, separados genericamente por tamanho, e também etiquetados. A mesa tem dois recortes em retângulo, onde estão penduradas pastas-suspensas com mais materiais que ficam no nível do tampo da mesa. As pastas são sinalizadas por “[E]” seguidas de um título que entende-se agora ser o código de entrada para aquelas informações. Em baixo desta mesa, dentro de caixas de papelão, há luzes vermelhas que se fazem vazar pelos buracos redondos de caixas-de-arquivo.
Olhando para as paredes, vemos fotografias coloridas penduradas por pequenos clipes. Há fotos dos arredores, do Morro do Timbau, de manifestações políticas nas ruelas da Maré ou na Avenida Brasil. Algumas matérias de jornal fotocopiadas e um cartaz (uma fotomontagem com a imagem de Che Guevara, organizada por uma artista da Bolívia, Noemi Escandel, e uma página de um calendário da Alemanha, com uma foto colorida da queda do Muro de Berlim. Num canto há diversos mapas (pode-se identificar um mapa da Vila Isabel, capa do material do Grupo Vila Isabel do início da década de 90; outro mapa de parte da Maré onde se vê identificando pela tortuosidade ou retificação das ruas o Morro do Timbau e parte da Baixa do Sapateiro, fotocopiado precariamente) e diagramas (um esquema feito da “plutocracia” agrícola na Argentina pelo artista Diego Melero, e outro um diagrama do “NBP” realizado pelo artista brasileiro Ricardo Basbaum). Há também um desenho-esquema de conexões entre redes e projetos atuais de artistas no Brasil.
MAPAS E DIAGRAMAS
Próximo aos mapas e diagramas estão relatos escritos do Grupo de Pesquisa, e algumas fotos em que aparecem Beatriz, Cristina, e Dirceu. Ao lado há também uma fotografia de Vânia Bento, da manifestação organizada pela família de um menino morto pela polícia. A manifestação foi apoiada pela comunidade, e o Bloco Se benze que dá participou com o som dos instrumentos de carnaval (a manifestação aconteceu dia 21 de Abril de 2009).
Seguindo a parede encontramos uma imagem grande, quase um desenho, porém com muito texto, como se fosse um esquema explicativo. Se chama “estrutura do arquivo”, refere-se ao Arquivo de emergência. Ali são respondidas brevemente perguntas cruciais “o que é o Arquivo de emergência?”, “o que está arquivado?”, “onde se pode consultar?” e “como o arquivo é organizado?” Se em algumas situações de exposições de arte a participação do visitante é limitada à observação direta das obras, e se, por outro lado, os arquivos são repartições às quais não se tem acesso diretamente (a não ser pelos índices dados à consulta), nesta apresentação parece que encontramos um híbrido. Estamos diante de uma estrutura que se apresenta disponível, um arquivo aberto, em que os elementos que são oferecidos delatam explicitamente não apenas sua materialidade que requisita um manuseio, mas também o apelo detalhista do enunciado, aquele olhar aproximado para a informação e sua estreiteza – ou o desvio que provoca.
Na sala ao lado há mais elementos: uma televisão e um aparelho de DVD, onde um pode sentar-se e escolher um dos tantos vídeos dispostos na parede. São vídeos realizados por artistas registrando trabalhos de intervenção urbana (parte da coleção “Circuitos compartilhados” organizada por Goto), ou são vídeos com entrevistas realizadas recentemente com os artistas que integram o projeto, vídeos de registro das Conversas com Arquivos, com artistas e pesquisadores na cidade do Rio de Janeiro. Há mais algumas entrevistas impressas, material agrupado dos artistas Elisa Castro, Guga Ferraz e Tiago Rivaldo e, vê-se também alguns deles nas fotografias dispostas nas paredes desta segunda sala. Alguns objetos estranhos que podem ser usados para pequenas derivas: caixas de papelão com orifícios que se convertem em câmeras obscuras, da oficina de Tiago Rivaldo, e pipas que podem ser soltas quando o vento está a favor (trabalho “sempre em acontecimento” de Guga Ferraz). Na sala há também uma inusitada secretária eletrônica que se apertada no “play” começa a reproduzir mensagens deixadas por aqueles que, provavelmente interpelados por uma das faixas do trabalho de Elisa Castro espalhadas pela comunidade, resolveram deixar suas respostas. Uma imagem grande está pendurada ao fundo, na parede, de um menino dando um salto no ar de autoria de Guga Ferraz. Chama-se “Mortal”.
[*este texto é parte da publicação/relato do projeto Arquivos do Presente que está no prelo]
MONTAGEM de “Mortal”, trabalho de Guga Ferraz
AGENDA
07/07 Conversa com Marisa Flórido César, arquiteta, Dra. em Belas Artes UFRJ;
21/07 Conversa Felipe Scovino, Pesquisador em Artes, Pós-doutorando na EBA/UFRJ e Romano, artista e professor UERJ
Exposição Projeto Arquivos do Presente + Arquivo de emergência
23/06 a 31/07
23/06 – Inauguração da exposição e apresentação do projeto, por Cristina Ribas e A Arquivista. 18 horas.
27/06 – Tarde de intervenções artísticas na comunidade, Elisa Castro, Guga Ferraz e Tiago Rivaldo. das 14-19 horas.
ARQUIVO DE EMERGÊNCIA [fotos de Cristina Ribas]
[esq] SALA DO ARQUIVO DE EMERGÊNCIA E PARTE DA PESQUISA DE FOTOGRAFIA DE CRISTINA RIBAS
[dir] SALA DE REGISTROS DAS ATIVIDADES COM ARTISTAS E PESQUISA DE DIRCEU OLIVEIRA
[fotos de MARCELO WASEM]
[foto de Elisa Castro]
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